sábado, 27 abril 2024
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Ludmilla canta vitórias, amores e sofrências no álbum ‘Numanice #3’

Artista lança disco ao vivo autoral com músicas inéditas, gravadas com a fluência de pagode que se afina com o discurso atual do universo pop.

Resenha de álbum

Título: Numanice #3 ao vivo

Artista: Ludmilla

Edição: Edição independente da artista

Cotação: ★ ★ ★

“A Preta venceu / Do funk ao pagode, dominando tudo / Aceita que a Lud é mundo / Foi de Caxias pro mundo”, canta vitória Ludmilla nos versos finais do pagode autorreferente A Preta venceu (Ludmilla, Cleitinho Persona e Elizeu Henrique), uma das músicas inéditas do álbum Numanice #3 ao vivo, lançado na noite de ontem, 20 de fevereiro.

Sim, Ludmilla Oliveira da Silva – cantora, compositora, instrumentista e atriz nascida em abril de 1995 em Duque de Caxias (RJ), na Baixada Fluminense – venceu na vida e na carreira.

A dois meses de completar 29 anos, a artista contabiliza uma década de sucesso. Desde que ganhou projeção nacional em 2014, Ludmilla veio se tornando uma potência que já começa a extrapolar as fronteiras do Brasil.

Terceiro registro audiovisual do projeto de pagode da artista, iniciado em abril de 2020 em plena pandemia de covid-19, o álbum Numanice #3 ao vivo alinha 20 músicas nos 18 números de show restrito a convidados e captado em 15 de janeiro no Mirante Dona Marta, cartão postal da cidade do Rio de Janeiro (RJ).

No disco, Ludmilla canta vitórias amores e sofrências – matéria-prima da música desde que o samba é samba – na fluência pop de pagode influenciado pela geração de sambistas que emergiu em São Paulo (SP) a partir dos anos 1990. Não por acaso, Belo e Thiaguinho estão entre os cantores nominalmente citados na letra de Se não chorar com pagode (Ludmilla, Jefferson Junior e Umberto Tavares), outra novidade do repertório majoritariamente inédito do disco.

Belo, aliás, integra o time de convidados da gravação ao vivo do álbum Numanice #3, dividindo com Ludmilla o canto de 26 de dezembro (Ludmilla, Jefferson Junior e Umberto Tavares), pagode escrito sob a ótica de amante que se apaixonou e que sofre pela ausência do ser amado.

Além de Belo, entram em cena no mirante carioca Caio Luccas, Carol Biazin, Mari Fernandez, Menos é Mais, Veigh e Vitinho.

Com Vitinho, cantor e compositor fluminense também mencionado na letra de Se não chorar com pagode, Ludmilla dá voz a 1% (Ludmilla, Vitinho e Felipe), pagode que exemplifica a habilidade da artista para cair no samba com linguagem atual que pouco difere do discurso do sertanejo, do forró e até mesmo do funk, para citar três gêneros musicais que dominam a preferência nacional.

Nesse sentido, o pagode Você não sabe o que é amor (Ludmilla, Vitinho e Felipe) tem potencial para se tornar mais um hit de Ludmilla.

Anunciado oficialmente em 18 de janeiro com Maliciosa, single que apresentou composição inédita de Dan Ferrera e Jpê Souto, o álbum Numanice #3 ao vivo evoca a origem funkeira da cantora com o pagode Baile charme (Ludmilla, Lary, Dan Ferrera e Castilhol) e cai no suingue da black music em Pique Djavan (Ludmilla e Castilhol), cuja letra explicita o amor de uma mulher por outra, com verso alusivo à música Eu te devoro (Djavan, 1998), sucesso do cantor e compositor alagoano.

No mesmo clima sensual, Ludmilla saboreia Destilado (Lary, Dan Ferrera, Daniel Ferrera, Guilherme Ferraz e Guga Meyra) com o grupo Menos é Mais e faz Espelho (Umberto Tavares, Jefferson Junior e Toninho Aguiar, 2016) – música do segundo álbum da cantora, A danada sou eu (2016) – refletir a cadência pop do pagode do projeto Numanice.

A ênfase em repertório inédito e autoral valoriza o disco, que inclui regravações de músicas dos grupos Exaltasamba, NX Zero (o rock Cedo ou tarde vira samba) e Sorriso Maroto sem se transformar em bailão de pagode.

Há sambas e sambas. Para quem gosta do samba pop de Ludmilla, o álbum Numanice #3 ao vivo é outro atestado da vitória da artista.

Por Mauro Ferreira

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